Episódio 1
(aconteceu já de certeza a muit@s de nós...)
Ao balcão, a empregada serve-nos o café, ouve qualquer pequena troca de ideias sobre o açúcar e pergunta, inocentemente ou nem tanto...
São irmãs???
NÃO...
Ah... pareciam...
Mas é normal... As pessoas quando andam sempre juntas começam a ficar parecidas... Também acontece com as amigas... Vocês andam sempre juntas???
Sim, o cabelo dela começa subitamente a ficar louro, a minha subitamente a ficar mais branca...
Devo ter todos os espelhos lá de casa partidos...
Ou isso, ou deveras embaciados!!!
É que somos a cara chapada uma da outra. Nem sei como é que nunca perguntaram se não somos gémeas... Sim, porque não?? Poderíamos perfeitamente ser gémeas, tal como poderíamos perfeitamente ser irmãs.
Mas não somos... E por esse facto serei grata toda a minha vida!!!
Acreditem, por muito desagradável que seja perguntarem se somos irmãs, por muito que apeteça dizer: se uma de nós fosse um gajo, também perguntavas se éramos irmãos???, perguntarem: ah, é a sua filha??? é infinitamente pior...
Episódio 2
Mas tu agora passas a vida na casa da _ _ _ _ _ _ _ _ _...???
Passo!
Porquê??
Porque me apetece...
Episódio 3
No carro,
mãe: A que horas saiu ontem a tua colega? Não ouvi a porta...
filha: Colega não...!
mãe: Amiga, ou companheira, ou lá o que são as duas...
Oh mãe, será difícil de perceber, de assimilar, ou apenas de dizer?
A palavra é até bastante simples...
Usarias a palavra sem hesitação no género masculino. Mesmo que não o fosse. Poderias até questionar se o seria...
Porquê essa dificuldade em utilizar a palavra no feminino. Muda apenas uma letra... Um y por um x no cariótipo, um o por um a no conceito.
Perguntasses tu: a que horas saiu a tua namorada ontem? E eu responderia, sem rodeios ou tentativas de desconversar... não vi bem as horas, deve ter sido por voltas das... A minha namorada saiu às 2 da manhã, e nada lhe costou tanto como obrigar-se a sair dos meus braços... Se bem que se usasses a palavra namorada, deixavas de perguntar a que horas entrava ou saía, saberías que queremos estar juntas, que queremos namorar.
Baboseiras... Nem sequer foi a minha mãe quem perguntou isto... Ou a mim...
Serão estas tentativas das nossas mães abordarem a conversa? Será isto o melhor que conseguem fazer, será isto o desajeitado fruto do seu esforço?
Afinal, quem foge mais ao assunto, nós ou elas???
Eu, de certeza, continuo ainda a evitá-lo. Não sei como abordá-lo. Quero dizer, mas as palavras recusam-se a falar surgida a oportunidade. Quero incluí-la na minha vida amorosa, mas as palavras fogem-me da boca.
Venha o tempo.
Corra por nós.
Espalhe as folhas.
Alguém as virá recolher.
O dia chegará em que não evitarei o assunto.
Dá-me a sensação que será um dia muito feliz, o dia em que partilharei este segredo tão mal guardado com a minha mãe, este macaco escondido com um rabo tão grande e completamente de fora...
Se ela me perguntar, eu respondo. Se não perguntar, é porque não quer aceitar. Saber já sabe, de certeza.
Estou a fugir ao assunto. Estou à espera do mais fácil. Esou à espera de uma pergunta a que tenha simplesmente de responder SIM. E se essa pergunta não for feita nunca?
ALternativas. Preciso de alternativas.
E de algo mais. Embora não creia que coragem seja a palavra a utilizar.
Mas que sei eu de palavras???
Não sei sequer o que a palavra significa...
A palavra palavra...
Wednesday 4 July 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment