Saturday 2 June 2007

Antes da minha primeira reuniao

Nunca consigo escrever o que quero. Começo a escrever com um intuito e acabo por tomar caminhos alternativos.

E pronto, lá tive de alterar o título para ‘1º passo – aceitação’. Pareceu-me mais apropriado...

O que eu queria escrever era acerca da primeira reunião.

Registei-me no fórum da rede ex aequo. Já tinha descoberto o site há uns dias (ou semanas, não consigo precisar) e tenho pensado em ir a uma reunião. Já tinha visto as datas, local, e etcs.

E hoje registei-me no fórum. E criei este blog.

Um dia produtivo, não tendo em conta que assumi que era feriado.

Precisava de ficar em casa para organizações e actualizações de papelada. A verdade é que do que precisava de fazer, não fiz nada. E isto desde as 11h da manhã, ou coisa que o valha.

Lá estou eu...

Queria ia a uma reunião, mas o facto é que sou uma pessoa muito tímida. Tenho uma capacidade enorme em expressar-me verbalmente. Qualquer falha de comunicação entre o meu cérebro e a minha língua. Algo em mim que quero mudar, algo em mim sobre o que me tenho debruçado.

E qual não é a eficiência, entro no fórum e, depois do tópico ‘cantinho dos novos membros’, me decido aventurar por voos mais altos.

Como a minha luta interior tem sido o agrupar de energias positivas para assistir à próxima reunião, escolho o tópico ‘próxima reunião’.

E logo me surge o tópico ‘Testemunho da minha Primeira Reunião’. É mesmo isto que preciso! Ainda não vos conheço, mas deixem-me atrever-me a dizer que já vos adoro. Quero dar uma vista de olhos às testemunhas, mas já agora que escrever o testemunho da decisão, os antecedentes do testemunho da primeira reunião.

Perguntas deixadas por quem iniciou o tópico:

- Qual o teu maior receio. Era válido?
- Tiveste alguma ansiedade quando te dirigiste a nós?
- Foste bem acolhido?
- A reunião realizou-se de acordo com as tuas expectativas?
- Fizeste amigos?
- Ficaste com vontade de regressar?

Algumas destas questões têm mais sentido se respondidas após a reunião, mas acho que posso tentar responder a algumas.

Gosto da sensação do antes e depois. Quero poder comparar.

O meu maior receio. Que me comecem a perguntar coisas, mesmo que simples. Que me peçam para falar. Detesto estar em situações em que não conheço ninguém. Não sei o que esperar, não faço ideia como serão as reuniões. As imagens que tenham na cabeça são inevitavelmente as imagens provenientes de reuniões em filmes americanos, grupos de apoio, quer seja de aa, de entre ajuda de pais que perderam filhos, ou outra situação dramática por que tenham passado os membros do grupo. E é sempre uma roda e calha a todos apresentarem-se e contar os seus problemas. Eu só quero que sejam filas de cadeiras, para poder ficar lá bem no fundo, quietinha, sem dizer uma palavra. Já não é muito fácil falar quando quero, porque acho que tenho qualquer coisa de importante para dizer. Quando me fazem falar então ainda é pior.

Ansiedades. Dúvidas. Será que vou mesmo? Pode ser que os testemunhos que quero ler não deixem as minhas parvalheiras impedir-me de ir. E vou sozinha. E não conheço ninguém. E vai ficar tudo a olhar para mim. E não vou encontrar nenhum buraco no chão para me enfiar. E vou começar a suar. E vou começar a ter dificuldades em respirar. Mas que estupidez!!! Às vezes fico espantada com a dimensão da minha estupidez. Pois, mas sou mesmo assim...

Bem acolhida. Acho que sim. Porque não? Ninguém me quer mal. Cada vez me convenço mais que as minhas ansiedades são absurdas. Porém, não consigo evitá-las. A adrenalina faz parte. O nosso coração precisa de emoções fortes, de abanões.

Não sei bem quais são as minhas perspectivas. Vou à descoberta. De olhos bem abertos.

Amigos. Se bem me conheço (não sou uma pessoa muita dada e anti-social é como melhor me conhecem), acho que vai ser difícil fazer amigos na primeira reunião. Ouvi um passarinho dizer que depois de me tornar amiga até sou fixe, mas antes disso tenho uma cápsula praticamente impenetrável. Outro aspecto que tem vindo a ser estudado e atenuado em mim e por mim.

Vontade de regressar. Ora, se achasse que não teria vontade de regressar, nem sequer lá punha os pés da primeira vez. Acho que vai ser uma experiência muito enriquecedora. Não posso esperar. Estou em pulgas.

E agora vou-me calar e vou (tentar) dormir.

Coisa difícil nos dias que correm.

Eu gosto é de sonhar, mas nem sempre me aparece por lá quem eu queria.

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