Friday 1 June 2007

Devaneios de ternura

E eis que surge mais um blog.

Mais um, como outro qualquer, para juntar à lista. À interminável lista.

Vou escrever em português.

Apetece-me.

Às vezes tenho destas coisas.

Vá-se lá saber porquê...

Estou farta, estou cansada.
Não faço senão escrever em inglês.
Estou farta de tanta universalidade.
Nasci portuguesa e quero escrever português.
Desde o dia em que nascemos ouvimos que vangloriar tudo o que é 'estranja' e despresar tudo o que é luso.
Mas que raio, somos tão bons ou melhores que os outros.
Nascemos numa terra abençoada, que tem tudo para ser melhor, muito melhor.
Mas o que é estrangeiro é que é bom.
Venham os 'estranjas' tomar conta disto tudo, modelar o país à sua bela vontade, enterrar as nossas tradições com campos de golfe.
Somos conhecidos pela nossa hospitalidade. Ora, isto para mim não é hospitalidade... É subversão!

Andar para a frente? Andaria, não fossem as mentes brilhantes deste país 'obrigadas' a emigrar!

Mas porque raio vim eu aqui parar?

Queria apenas deixar aqui umas linhas a explicar o surgimento de mais um blog.

Uma pessoa aprende outras línguas, com o inglês à cabeça. Vai para a faculdade e livros, só em inglês. Material de apoio? Pois, inglês... Não é que não existam traduções, mas além de preços exorbitantes, desculpem a xenofobia, mas se há coisa que me irrita é ler brasileiro.

Assumimos, por estas razões (e mais umas quantas, provavelmente), que sabemos inglês, até mais do que suficiente. Porque canganças temos sempre muitas. O estranja é que é bom, mas o belo do tuga é sempre mais esperto e sabe-a sempre toda. Depois saimos das nossas belas fronteiras para desscobrir o além-mar e deparamo-nos com a nossa insignificância.

Pois, é verdade que na escola só tive inglês do 7º ao 9º. É verdade que tenho boa capacidade de aprendizagem e com todos os filmes americanos que vi ao longo da vida e toda a música americana que ouvi, eu percebo practicamente tudo o que me dizem. E ler, também lá vai, na faculdade lê-se em inglês (e acho muito bem, nos dias em que não estou obsessivamente patriota).

Agora levanta-te e fala!

Falar? Ah, pois, também é preciso falar.

Pois é.

Falar.

Tem sido sempre o meu maior problema.

Um pequeno enorme problema de expressão.

Porque é que na escola não nos fazem falar??? É ler e escrever, escrever e ler. Precisamos de aprender a falar!

Outro problema do além-fronteiras é o coração. Esse sim, é estúpido que dói. Acha, não sei bem porque razão, alguém lhe meteu isso na cabeça, que sabe falar toda e qualquer língua. E depois é o cabo dos trabalhos.

Quando está tudo bem, inglês é a língua universal. Mais coisa, menos coisa, com muita paciência e boa vontade, a gente compreende-se. Vai-se compreendendo...

O pior é quando surgem as pequenas quezílias. Uma pessoa bem que tenta, bem que esforça, mas as palavras que nos vêem à cabeça, qual língua universal qual quê? Que isso dialetos de ternura é só na música. Quando chega ao que interessa, é uma salgalhada linguística que mete respeito.

Mas o coração fala toda e qualquer língua. E nós aprendemos também a falá-la, se a isso nos preposermos.

O amor é lindo.

Só é pena que se seja confundido com tantas outras coisas.

No comments: